Muita gente ainda não tem noção da real utilidade de um projeto
de arquitetura numa obra de construção ou de reforma. Acham que é só um desenho
no papel que se propõem a representar questões estéticas e decorativas. E se a
obra não tem muitos detalhes, basta só que o mestre de obras e o proprietário
se entendam para solucionar na prática e no improviso.
Sempre foi
assim. Sempre deu certo. É aí que a maioria se engana.
Quando se
abre mão de um projeto, justamente na fase em que se deve planejar bem a obra,
por uma suposta “economia”, o proprietário vai de encontro a uma série de
surpresas amargas que vão doer no órgão dito mais frágil do ser humano: o
bolso.
E nesse
período complicado de inflação, economia ruim e pouco dinheiro disponível, não
podemos deixar o desperdício corroer o projeto e a sua paciência. Este
artigo quer, sem pretensão de esgotar o assunto, colocar luz numa série de
situações em que o barato pode sair muito caro.
Perdido no caminho da ideia até o projeto
A primeira
atitude equivocada é quando o proprietário vai direto ao encontro da mão de
obra apenas com uma ideia na cabeça.
Lógico que
o proprietário vai dizer que pesquisou bastante, viu preço de materiais, achou
na internet os fornecedores que precisava, descobriu um blog que ensina fazer
uma parte sozinho, baixou um aplicativo que dava tudo calculado e facilitado e,
com esse acumulado de informações, pode dar conta de tocar a obra sem o projeto
de arquitetura.
O problema
é que o projeto é o meio que transforma informação em
conhecimento. Com o projeto representado por desenhos técnicos
bem definidos, consegue-se extrair informações essenciais para a obra, para o
planejamento, para o orçamento e gerenciamento da obra. Abrir mão desta etapa
pode significar seu dinheiro indo direto para o ralo.
Comprar material de construção sem projeto
A
especificação de um simples revestimento de parede implica no quantitativo
exato de serviço a ser executado, a forma de execução, a sequência de execução,
o planejamento das etapas e a especificação dos materiais complementares.
Estas
informações fazem parte do memorial descritivo do projeto, que é um produto que
complementa o projeto de arquitetura para execução da obra. Se esta etapa for
negligenciada, poderá gerar grande diferença no orçamento de materiais previstos
para a obra.
Contratar mão de obra sem projeto
O projeto
de arquitetura é um instrumento que define com antecedência os serviços a
serem executados durante a obra de reforma, construção e ampliação. É um
documento que deve ser anexado ao contrato de execução da obra com o
empreiteiro construtor, o que impede que o mesmo crie mais serviços que
o necessário.
Quando não
se tem objetivamente o projeto que se quer contratar, o proprietário não terá
mecanismos em contrato para verificar se o serviço que está sendo executado foi
feito conforme a ideia inicial, ficando sujeita a alterações durante a
execução a qualquer tempo.
E
alteração no canteiro sem a verificação do projeto aumenta o risco de
retrabalho, reconstrução e prejuízo tanto na etapa que deu problema, como
no conjunto da obra que sofre reação em cadeia. Perde-se tempo e muito
dinheiro e não há como requerer direitos de ressarcimento, por falta
de clareza nas informações da obra.
Planejar tempo de obra sem projeto
A pior
coisa é quando o proprietário planeja iniciar uma obra e ela se torna obra de
igreja: tem começo, às vezes tem meio e nunca tem um fim. São
as obras intermináveis que tiram o sono dos residentes.
Quando se
deseja uma obra em tempo determinado, seja o
todo ou uma parte da obra que se deseje focar, o proprietário negligente coloca
a responsabilidade pelo prazo todo nas costas da execução ou de si mesmo,
assumindo para si a necessidade de não deixar faltar nada na obra.
O projeto
é uma ferramenta indispensável neste planejamento do tempo de obra, pois é na
fase do estudo, que antecede à execução propriamente dita, onde pode se fazer o planejamento
do tempo da obra, sob a ótica do senso de urgência.
A partir
da definição do projeto, pode-se planejar etapas e tarefas numa
sequência natural de preço e custo da obra ao decorrer do tempo, considerando
inclusive a disponibilidade de dinheiro em determinado momento. Sem
essa ferramenta, a obra ficará à própria sorte.
Não dá pra jogar dinheiro fora!
Se você
ficou convencido de tudo o que está em jogo na sua obra, agora é tempo
de refletir e colocar na ponta do lápis todos estes fatores no
planejamento da sua sonhada reforma ou construção. Conte sempre com
profissionais que estão dispostos a viabilizar sua obra a partir do
projeto e da sua experiência em obras. Evite riscos e viva uma
obra mais feliz.
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