sexta-feira, 8 de abril de 2016

MESMO COM POUCA GRANA, NÃO SE DEVE FAZER OBRA SEM PROJETO


Muita gente ainda não tem noção da real utilidade de um projeto de arquitetura numa obra de construção ou de reforma. Acham que é só um desenho no papel que se propõem a representar questões estéticas e decorativas. E se a obra não tem muitos detalhes, basta só que o mestre de obras e o proprietário se entendam para solucionar na prática e no improviso.
Sempre foi assim. Sempre deu certo. É aí que a maioria se engana.
Quando se abre mão de um projeto, justamente na fase em que se deve planejar bem a obra, por uma suposta “economia”, o proprietário vai de encontro a uma série de surpresas amargas que vão doer no órgão dito mais frágil do ser humano: o bolso.
E nesse período complicado de inflação, economia ruim e pouco dinheiro disponível, não podemos deixar o desperdício corroer o projeto e a sua paciência. Este artigo quer, sem pretensão de esgotar o assunto, colocar luz numa série de situações em que o barato pode sair muito caro.
Perdido no caminho da ideia até o projeto
A primeira atitude equivocada é quando o proprietário vai direto ao encontro da mão de obra apenas com uma ideia na cabeça.
Lógico que o proprietário vai dizer que pesquisou bastante, viu preço de materiais, achou na internet os fornecedores que precisava, descobriu um blog que ensina fazer uma parte sozinho, baixou um aplicativo que dava tudo calculado e facilitado e, com esse acumulado de informações, pode dar conta de tocar a obra sem o projeto de arquitetura.
O problema é que o projeto é o meio que transforma informação em conhecimento. Com o projeto representado por desenhos técnicos bem definidos, consegue-se extrair informações essenciais para a obra, para o planejamento, para o orçamento e gerenciamento da obra. Abrir mão desta etapa pode significar seu dinheiro indo direto para o ralo.
Comprar material de construção sem projeto
A especificação de um simples revestimento de parede implica no quantitativo exato de serviço a ser executado, a forma de execução, a sequência de execução, o planejamento das etapas e a especificação dos materiais complementares.
Estas informações fazem parte do memorial descritivo do projeto, que é um produto que complementa o projeto de arquitetura para execução da obra. Se esta etapa for negligenciada, poderá gerar grande diferença no orçamento de materiais previstos para a obra.
Contratar mão de obra sem projeto
O projeto de arquitetura é um instrumento que define com antecedência os serviços a serem executados durante a obra de reforma, construção e ampliação. É um documento que deve ser anexado ao contrato de execução da obra com o empreiteiro construtor, o que impede que o mesmo crie mais serviços que o necessário.
Quando não se tem objetivamente o projeto que se quer contratar, o proprietário não terá mecanismos em contrato para verificar se o serviço que está sendo executado foi feito conforme a ideia inicial, ficando sujeita a alterações durante a execução a qualquer tempo.
E alteração no canteiro sem a verificação do projeto aumenta o risco de retrabalho, reconstrução e prejuízo tanto na etapa que deu problema, como no conjunto da obra que sofre reação em cadeia. Perde-se tempo e muito dinheiro e não há como requerer direitos de ressarcimento, por falta de clareza nas informações da obra.
Planejar tempo de obra sem projeto
A pior coisa é quando o proprietário planeja iniciar uma obra e ela se torna obra de igreja: tem começo, às vezes tem meio e nunca tem um fim. São as obras intermináveis que tiram o sono dos residentes.
Quando se deseja uma obra em tempo determinado, seja o todo ou uma parte da obra que se deseje focar, o proprietário negligente coloca a responsabilidade pelo prazo todo nas costas da execução ou de si mesmo, assumindo para si a necessidade de não deixar faltar nada na obra.
O projeto é uma ferramenta indispensável neste planejamento do tempo de obra, pois é na fase do estudo, que antecede à execução propriamente dita, onde pode se fazer o planejamento do tempo da obra, sob a ótica do senso de urgência.
A partir da definição do projeto, pode-se planejar etapas e tarefas numa sequência natural de preço e custo da obra ao decorrer do tempo, considerando inclusive a disponibilidade de dinheiro em determinado momento. Sem essa ferramenta, a obra ficará à própria sorte.


Não dá pra jogar dinheiro fora!
Se você ficou convencido de tudo o que está em jogo na sua obra, agora é tempo de refletir e colocar na ponta do lápis todos estes fatores no planejamento da sua sonhada reforma ou construção. Conte sempre com profissionais que estão dispostos a viabilizar sua obra a partir do projeto e da sua experiência em obras. Evite riscos e viva uma obra mais feliz.



Nenhum comentário:

Postar um comentário